Inspeções de Rampa: como se preparar e evitar surpresas
- 19 de out. de 2024
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As inspeções de rampa realizadas pela EASA estão cada vez mais frequentes e rigorosas. Reportagens destacam as principais falhas encontradas, mas a questão essencial é: como nós, pilotos, podemos nos preparar de maneira eficaz para essas verificações?
Oficialmente conhecido como European Union Ramp Inspection Programme, as inspeções de rampa são popularmente chamadas de “SAFA check” (Safety Assessment of Foreign Aircraft). Embora tenham sido criadas pela União Europeia, essas verificações não se limitam ao território europeu — sua aeronave pode ser inspecionada em mais de 50 países ao redor do mundo, incluindo Canadá, Marrocos e até mesmo o Brasil.
Como são classificadas as constatações?
Os problemas identificados nas inspeções são classificados em três categorias, de acordo com o impacto na segurança de voo. Uma constatação “Categoria 1” é considerada leve (minor); “Categoria 2” é significativa (significant); e “Categoria 3” é crítica (major). Essas distinções indicam o grau de urgência na correção das falhas.
Onde você pode estar errando?
Recentemente, a autoridade aeronáutica da França, em colaboração com o IBAC (responsável pelo IS-BAO), analisou centenas de relatórios de inspeções de rampa para identificar as descobertas mais frequentes das Categorias 2 e 3 na aviação executiva. Este estudo (disponível aqui) é um recurso valioso para operadores, pois revela não só quais são os problemas mais frequentes, mas também como evitá-los.
Quais são os problemas mais comuns?
As inspeções de rampa da EASA cobrem 52 itens distribuídos em 5 áreas: cabine de pilotagem, cabine de passageiros, condição da aeronave, carga e itens gerais. Alguns desses itens geram mais constatações do que outros e, na aviação executiva, os principais problemas reportados incluem:
Preparação do voo: cálculo incorreto de combustível alternativo em voos diretos; plano de voo com CPDLC sem LOA correspondente.
Peso e balanceamento: erros nos cálculos; bagagem/passageiros em locais diferentes dos registrados.
Manuais: mais de uma versão em diferentes EFBs ou manuais desatualizados.
MEL (Minimum Equipment List): ausência de MEL.
Checklists: incompatibilidade entre o QRH e a configuração da aeronave.
Registro e retificação de panes: falhas não registradas no Diário de Bordo.
Cartas de navegação/instrumentos: base de dados desatualizada.
Como se preparar para as inspeções?
O ponto mais importante é conhecer os itens inspecionados e os problemas mais frequentes. O Manual de Inspeção de Rampa da EASA é público, contendo mais de 400 páginas de orientações e exemplos de falhas. No entanto, a leitura completa pode ser desgastante.
Para auxiliar os pilotos a enfrentar esse desafio, a Jinkout oferece um Manual de Inspeção de Rampa personalizado, incluindo fotos, descrições detalhadas de procedimentos e extratos do AFM de sua aeronave. Nossos clientes frequentemente relatam que a simples apresentação desse Manual aos inspetores facilita imensamente a inspeção, pois atesta o compromisso do operador em seguir rigorosamente os regulamentos.
Indispensável relatar, ainda, que é fundamental ter em mão toda a documentação necessária, como manuais, LOAs e a MEL. Aqui, muitos pilotos executivos cometem um equívoco de interpretação: diferentemente do Brasil, onde a MEL não é exigida (embora sem ela não seja permitido operar com qualquer item inoperante), na Europa a MEL é obrigatória.
Em resumo
As inspeções de rampa podem ser frustrantes, mas com a preparação adequada, o processo tende a ser tranquilo. A aviação executiva já demanda muito dos seus tripulantes, que devem gerenciar tudo, do “alfinete ao foguete”. Evite situações desagradáveis que podem ser facilmente contornadas com a documentação certa. Não economize onde não deve: obter os documentos necessários para uma operação conforme as regras não é um custo, mas sim um investimento.
Seja proativo, solicite suas LOAs, e se ainda não tiver uma MEL, providencie a aprovação para sua aeronave. Essa é, sem dúvida, uma medida essencial para quem deseja passar pelas inspeções de rampa sem sobressaltos.





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