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Apenas horas de voo não bastam: recrutando talentos para a Aviação Executiva

  • 3 de set. de 2024
  • 2 min de leitura

Sheryl Barden, CEO da Aviation Personnel International, empresa de recrutamento e consultoria de RH que atende exclusivamente à aviação executiva, oferece uma interessante perspectiva sobre o mercado de pilotos nos EUA. Suas reflexões, publicadas na AIN (https://www.ainonline.com/aviation-news/business-aviation/2024-08-16/ainsight-quality-not-quantity-defines-pilot-shortage), nos oferecem muitos pontos para pensar:

 

  1. Escassez de pilotos qualificados: embora a quantidade de pilotos disponíveis possa ter aumentado, ainda há uma falta de pilotos altamente qualificados, especialmente para a aviação executiva.


  2. Mercado de trabalho: mais pilotos estão optando pela aviação executiva, sejam eles oriundos da vida militar ou pilotos de linha aérea com mais de 65 anos. Todavia, nem toda empresa tem interesse em investir em um curso para alguém no final da carreira. Além disso, estariam esses candidatos dispostos a enfrentar a transição de ser somente um piloto para uma vida que envolva lidar com a administração completa dos voos e da aeronave, como ocorre na aviação executiva?


  3. Desafio de preparar novos pilotos: entre os jovens, cresce o interesse pela aviação executiva, mas a dificuldade está em treinar esses pilotos, que requerem mais do que apenas horas de voo – precisam de proficiência e experiência específicas.


  4. Demanda por pilotos experientes: a operação de jatos executivos de grande porte requer pilotos com vasta experiência. A transição de outras áreas da aviação não é simples e demanda tempo e recursos. O verdadeiro desafio não é apenas recrutar pilotos, mas garantir que eles sejam suficientemente experientes para atender às exigências específicas da aviação executiva.


  5. O curto prazo: a atual sensação de alívio é vista como temporária, devido principalmente aos atrasos na entrega de aeronaves, que estão limitando a demanda imediata por pilotos. No entanto, assim que essas aeronaves estiverem prontas, a demanda por pilotos qualificados aumentará novamente.

 

O principal ponto de convergência entre o cenário descrito por Sheryl nos EUA e a realidade brasileira é a dificuldade de encontrar profissionais realmente experientes e qualificados para a aviação executiva. Se achar esse profissional é difícil, prepará-lo é ainda mais complicado.

 

Os melhores talentos são oriundos de organizações que oferecem, principalmente, uma doutrina sólida, formando o caráter e a competência de um excelente piloto. Aqueles que passaram por uma companhia aérea estruturada, um bom táxi aéreo, um departamento de voo com pilotos experientes ou pela rigidez da aviação militar tiveram a oportunidade de crescer em um ambiente que lhes mostrou qual o caminho a seguir. Por outro lado, pilotos que não tiveram essas oportunidades enfrentam dificuldades maiores para compreender a importância da disciplina e do respeito às regras e limites, o que impacta não só suas habilidades como pilotos, mas também a própria segurança de voo. Por terem crescido em um ambiente inadequado, muitas vezes eles nem percebem quando cometem erros graves.

 

Apesar das diferenças entre Brasil e EUA, o cenário indica que a aviação executiva em ambos os países continuará demandando pilotos experientes, capazes de atender às exigências específicas do setor. Embora o número de profissionais em busca de oportunidades ainda seja grande, não são muitos os que possuem as qualificações necessárias para atender plenamente às demandas da aviação executiva. Non multa, sed multum.



 
 
 

1 Comment


Guest
Sep 13, 2024

Não posso falar dos EUA, mas como alguém que tem tentado há tempos entrar para a executiva, posso dizer que no Brasil tem o quesito QI que quase sempre se sobrepõe à experiência.

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